Resumindo, é a capacidade que um indivíduo possui de superar os desafios que enfrenta durante sua vida.
Como exemplo, podemos dizer que a resiliência é muito necessária para o sujeito livrar-se de uma doença, subjugar um vício, manter um relacionamento ou um emprego desafiante e é até necessária, em menor escala, para ir até o fim em um livro cuja leitura não agrada tanto.
Então, ocorreu-me um pensamento interessante: eu nunca havia ligado este atributo especificamente a Jesus, mas, enquanto pensava no que ia escrever para a dica de hoje, me veio este insight: se queremos um exemplo forte de resiliência, podemos pensar na infância de Cristo e tudo o que enfrentou juntamente com a Sagrada Família: Jesus provém de uma das regiões mais pobres da terra; região que estava tomada pelos invasores romanos; nasceu numa pequena gruta; ainda recém-nascido, foi levado para o deserto, onde viveu seus primeiros anos, a fim de escapar do infanticídio orquestrado por Herodes, isto, em um tempo no qual as condições de saúde, alimentação e higiene não eram das melhores.
O último relato da infância de Jesus consiste no desencontro com seus pais, quando retornavam da peregrinação anual ao Templo de Jerusalém. Jesus, com apenas doze anos, permanece por três dias perdido de sua família.
A partir deste episódio, nada mais se sabe a respeito do que Jesus de Nazaré viveu até atingir a Sua vida pública, todavia, sabemos o quão resiliente Ele foi até o fim, como nos revelam os muitos relatos de perseguições, ultrajes e injustiças vividas, até o ápice de Sua oferta na Cruz, que testemunha a maior experiência de resiliência já vista entre toda a humanidade: a superação da morte pela ressurreição.
E por que exatamente a característica da resiliência me veio à cabeça como inspiração?
Porque, ao ler a biografia do autor da dica de leitura dessa semana, um fato me chamou atenção: em sua juventude, por causa da repressão nazista à religião católica na Alemanha, ele teve que aprender cedo o valor da resiliência, a fim de praticar a sua fé, mesmo em meio às duras experiências vividas, como, por exemplo, presenciar o seu pároco apanhando dos soldados nazistas antes do início da missa.
Então, você pode pensar: e ele desistiu de ser católico? Muito pelo contrário! Seguiu os estudos no seminário, foi ordenado padre, bispo, nomeado cardeal e se tornou um dos papas mais emblemáticos da história recente da Igreja.
Estou falando de Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI, e a dica desta semana é o seu livro “A infância de Jesus”, publicado no Brasil em 2012, pela editora Planeta.
Este livro se trata, como o autor mesmo descreve, de uma “antecâmara” dos dois outros volumes de sua série a respeito da vida e mensagem de Jesus de Nazaré e nele, basicamente, Ratzinger nos traz ensinamentos preciosos a respeito de dois questionamentos fundamentais a respeito de Jesus: quem é e de onde vem.
Obviamente, para bem nos prepararmos para a vivência do mistério da encarnação do Verbo Divino, conhecer a origem e a infância de Jesus é um passo fundamental e, neste livro, Bento XVI ensina a respeito do que os Evangelhos nos revelam, com ênfase na vida de Cristo inserida na história da humanidade.
Por último, resta dizer que é uma leitura que vale muito a pena, pois nos auxiliará a viver o Advento ainda mais profundamente; a fazer a experiência que o autor mesmo nos aponta, ao contemplarmos a genealogia de Jesus: descobrimos que “a nossa verdadeira ‘genealogia’ é a fé em Cristo, que nos dá uma nova proveniência e faz-nos nascer ‘de Deus’” e, quem sabe, até poderemos aprender com Jesus o caminho para crescer na resiliência e na perseverança na vontade do Pai, até o fim.
Ficha
Título A infância de Jesus
Autor RATZINGER, JOSEPH (PAPA BENTO XVI)
Língua Português
Edição 1
Páginas 112
EditoraPlaneta
Boa leitura!