1º de fevereiro. “A casa está cheia. Há gente na calçada e na rua. Muitos são jovens. O som de músicas alegres de louvor toma conta do ambiente.”* É este cenário, do reencontro dos participantes do último Acamp’s Brasília, que atrai a atenção de um homem, um passante, que se impressiona ao ver o sorriso dos jovens: rostos tomados de uma alegria diferente, inexplicável. Ele, então, se sente impelido a entrar.
Chamaram-me para recebê-lo já que não falava português. Ao acolhê-lo, descobri muitas coisas: seu nome ocidental era Jackie, já que seu nome mesmo era muito difícil para nós, no Brasil, pronunciarmos. Jackie é um chinês que veio para o Brasil há um ano para trabalhar. Pouco sabia sobre fé, sobre a Igreja ou sobre o Papa. O que mais me impressionou, porém, era o fato de ele não saber quem era Jesus Cristo. Conversamos por um tempo e pude explicar o que fazia sendo missionária, como tinha deixado minha família no Canadá para anunciar esta pessoa que ele até então desconhecia. Ele então participou da missa e fui explicando, parte por parte do rito e porque fazíamos aquilo, em que acreditávamos. Por mais de uma vez ele me pediu para explicar o que era a Eucaristia e o que o fazia o padre. Ao final, ele agradeceu com um sorriso, dizendo que tinha aprendido uma grande lição naquele dia. Eu, porém, sentia que tinha aprendido uma lição ainda maior com a visita dele ao nosso Centro de Evangelização. Percebi, o quanto é urgente a nossa evangelização. O quanto ainda estamos fechados em muros e estruturas, enquanto há gente, (muita gente!) lá fora, que nunca ouviu falar da única pessoa que pode salvar.
Percebi que não é preciso ir muito longe para conhecer, de fato, pessoas com total desconhecimento de Cristo e da fé cristã. E mais: que há um grito. Um grito ensurdecedor daqueles que sofrem este desconhecimento, que não somos capazes de ouvir, porque este grito é abafado pelas correrias dos homens que vivem ignorando a presença Daquele que nunca deixou de existir. Abafado por mim que tantas vezes silencio no anuncio de Cristo por respeito humano, retendo a oferta da minha vida. Abafado, mas não extinguido, pois o Espírito Santo de Deus, no mistério da sua infinita sabedoria, não deixa de inflamar os corações que desejam se abrir para ver a ação da sua graça e não deixa de atrair os corações para aqueles que podem anunciá-Lo.
Amanda Passos, missionária da Comunidade de Vida em Brasília
*Trecho retirado do livro Escritos, da Comunidade Católica Shalom.
Amanda,
Deus vem revelar o sentido da sua oferta, como dizia Madre Tereza:
“Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele, o oceano seria menor.”
Bendito seja Deus pelo dom da sua vida, pela sua amizade, pela sua alegria, pela sua oferta, que hoje me alcança e é fecundo na minha história.
Obrigado pelo seu SIM!!
Amandinha,
Você arrebentou na matéria!:D
Muito forte, profundo e impactante.